A vacina para a covid 19 e o desafio logístico
Introdução
O mundo todo aguarda com ansiedade a vacina para a covid 19. Assumindo que a vacina para a covid 19 venha a se tornar uma realidade no curto prazo a sua aplicação em larga escala cria uma série de desafios logísticos e potencialmente políticos.
– Como assim, a vacina para a covid 19 venha a se tornar uma realidade no curto prazo?
São várias as vacinas em desenvolvimento em várias partes do mundo, algumas com resultados preliminares bem promissores mas, a própria OMS, com várias orientações conflitantes em relação a covid 19, alerta que existe a possibilidade de que a vacina para a covid 19 demore a ficar pronta. (https://www.bbc.com/news/world-53643455)
Vamos ser otimistas e assumir que a vacina para a covid 19 esteja disponível ainda em 2020 o que seria um novo recorde absolutamente fantástico. Historicamente o desenvolvimento de uma vacina leva alguns anos (https://www.businessinsider.com/how-long-it-took-to-develop-other-vaccines-in-history-2020-7) enquanto a vacina para a covid 19 estaria pronta em um ano, um pouco mais, um pouco menos, desde a identificação do seu vírus causador.
E é aqui que começa o enorme desafio logístico em toda a cadeia de suprimentos (supply chain). (você sabia que existe uma norma ISO de continuidade de negócios especifica para a cadeia de suprimentos? É a ISO/TS 22318:2015 Societal security — Business continuity management systems — Guidelines for supply chain continuity).
População a ser imunizada
Temos uma pandemia em escala global. Qual é a quantidade estimada de pessoas a serem vacinadas? 7 bilhões, 5 bilhões, 1 bilhão de pessoas?
OK, vamos reduzir o problema ao Brasil somente. Serão 200 milhões, 100 milhões, 50 milhões de brasileiros?
Quantas doses da vacina para a covid 19 serão necessárias, 1, 2, 3? As vacinas serão intercambiáveis? Muito possivelmente não.
Então serão necessárias a quantidade de doses da vacina para a covid 19 multiplicada pela população a ser vacinada mais uma margem de segurança que o Ministério e as Secretarias da Saúde devem saber baseada em campanhas de vacinação anteriores.
Vamos assumir que serão 50 milhões de brasileiros a serem vacinados e que a vacina para a covid 19 necessite de somente uma dose. Portanto, seriam necessárias 55 milhões de doses, com 10% de margem de segurança.
E os agregados
Além da vacina para a covid 19 serão necessários outros insumos como 55 milhões de ampolas e seringas com agulha com as respectivas embalagens invioláveis.
E também serão necessários milhares de profissionais da saúde devidamente treinados e preparados para aplicarem a vacina para a covid 19 por todo o Brasil.
Produção e distribuição
Qual a capacidade de produção e distribuição da vacina e de seus agregados? Onde serão produzidos? Será que vamos incorrer no mesmo problema que o dos respiradores, a maioria fabricada no país de origem da covid 19? Se esta for a situação qual será a prioridade do Brasil na compra e entrega destes insumos?
Um artigo da Fiocruz, parceira na produção da vacina de Oxford no Brasil, afirma que 30 milhões de doses atenderiam a 15% do quantitativo para a população brasileira. Portanto, segundo este artigo, seriam necessárias aproximadamente 200 milhões de doses, e agregados, da vacina para a covid 19. O problema está ficando cada vez mais complexo. (https://portal.fiocruz.br/noticia/covid 19-fiocruz-firmara-acordo-para-produzir-vacina-da-universidade-de-oxford)
E depois ainda será necessário fazer chegar as vacinas para a covid-19, por meio de transporte refrigerado, em todos os lugares do país em um complexo sistema de distribuição por estradas, aéreo e aquático.
Tempo para a vacinação em massa
Este mesmo artigo da Fiocruz cita a entrega de 15 milhões de doses da vacina para a covid 19 em dezembro/20 e a mesma quantidade em janeiro/21.
Depois de todas as etapas de produção e certificação regularizadas, o que poderá acontecer nos primeiros meses de 2021 a Fiocruz afirma ser capaz de produzir até 40 milhões de doses da vacina para covid 19 ao mês. Logo, serão necessários pelo menos mais 4 meses de 100% da produção para atender somente às necessidades dos Brasil, com esta capacidade instalada.
Dezembro/20 e janeiro/21 para as primeiras 30 milhões de doses, mais o tempo de regularização da produção, mais 4 meses de 100% da produção e já chegamos fácil, se não ocorrer nenhum tipo de contratempo nesta complexa cadeia logística, a junho/julho/21 e ainda tendo que terminar a vacinação de toda a população elegível.
Prioridades
Como vimos, não é possível produzir e aplicar 200 milhões de doses da vacina para a covid 19 em curto espaço de tempo. Potencialmente serão várias campanhas ao longo de pelo menos um ano.
Quais serão as prioridades?
Qualquer critério é questionável e sempre dará margens a contestações.
Profissionais da saúde primeiro? Parece razoável uma vez que são eles que estão na linha de frente.
E depois, os grupos de risco, brasileiros com mais de 60 anos e portadores de comorbidades? Também parece razoável. Mas e os cuidadores deste grupo de risco não deveriam ser vacinados nas primeiras campanhas de vacinação? E aí começam os questionamentos.
Porque não os professores, profissionais da segurança, população exposta a grande contato público etc.
Vacinação contra o H1N1
A pandemia da gripe A causada pelo vírus H1N1 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia_de_gripe_A_de_2009) ocorreu em outubro/19 e sua vacina foi liberada no mesmo ano (https://pt.wikinews.org/wiki/Novartis_anuncia_cria%C3%A7%C3%A3o_de_vacina_contra_o_v%C3%ADrus_H1N1). Em 2018 ocorreram 335 e até maio/19 222 óbitos decorrentes do H1N1.
Portanto, a vacina contra a covid 19 não irá eliminar o vírus, assim como não eliminou o do H1N1, do sarampo e tantas outras doenças para as quais existem vacina.
Conclusão
Se você está esperando a vacina para a covid 19 para que vida volte ao antigo normal tenha pelo menos mais um ano de paciência. Pelo menos!
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